segunda-feira, 20 de julho de 2009

RESPONDENDO PERGUNTAS

Pergunta é uma constante no meio náutico e quando as pessoas sabem que moramos a bordo, ai a curiosidade é aguçada e temos que tentar satisfazer ao máximo o interesse. Nunca deixo uma pergunta sem resposta e quando não sei responder de imediato, pesquiso é vou matar a curiosidade do meu interlocutor.
Hoje, mais uma vez, tentarei satisfazer o interesse de vários leitores e espero estar satisfazendo o interesse de vários outros.
Como é morar sempre em área de porto ou afastada do centro? Bem, essa pode ser uma das desvantagens de se morar em um veleiro, mas nem tudo na vida é o que a gente pensa. Realmente temos uma boa qualidade de vida quando moramos em um veleiro, e esse detalhe de estar sempre ancorado em locais de porto, pode num primeiro momento criar um clima estranho. Sempre estamos longe dos locais de divertimentos, compras e outras comodidades urbanas. Muitas vezes a locomoção se torna difícil, por falta de ônibus, taxis e caronas de amigos. Caminhar por entre ruas e becos que cercam essas áreas é um exercício de muito boa vontade com certa dose coragem, mas nunca tivemos nenhum problema em relação isso.
Tem velejador que diz que morar a bordo é ter uma vida excelente, morando onde ninguém quer morar. Pode até ser verdade, mas eu trocaria o “onde ninguém quer morar” por “onde muita gente adoraria morar”.
Quando estamos ancorados em iates clubes ou marinas, temos o conforto de uma boa varanda, piscina, restaurante, barzinho e vários amigos. Ainda temos a vantagem de poder mudar a “casa” de local quando não gostar do visual, nem do vizinho. Achar isso ruim é muito difícil!
Faz muito calor a bordo? Nem sempre. Quando estamos amarrados em um píer, dependendo da direção do vento, o calor se faz presente, mas quando ancorados ao largo, o barco sempre fica aproado ao vento. O problema é quando chove que temos que fechar tudo. Por isso temos ventilador a bordo.
Se faltar vento, como fazer? O veleiro anda bem a vela, mas se faltar vento é só ligar a vela de porão. Vela de porão é o nome que velejador chama o motor. Se não quiser ligar o motor é só relaxar e curtir o mar. Uma hora o vento aparece.
Prá que a Carta Náutica se o GPS faz a mesma função? Ainda não chegou a época do GPS substituir a Carta Náutica. Quase todos os modernos aparelhos de GPS vêm com mapas e cartas náuticas, mas o GPS é um equipamento eletrônico e como todo eletrônico, é sujeito a falhas. Mesmo que a rota esteja marcada no GPS, ela deve ser traçada na Carta de Náutica de papel. No mar, quanto mais informação, melhor. Além de que, a Carta Náutica da área navegada é um equipamento obrigatório a bordo.
O que fazer quando se adoece no mar? Ninguém vai para o mar pensando em adoecer. Mas se, por acaso, acontecer, ai temos que cuidar. A bordo, temos que ter uma caixa de primeiros socorros e nela remédios para, quase, tudo. Se o caso for mais sério, arribamos o porto mais próximo. Tripulantes que fazem uso de medicamentos específicos devem informar ao capitão, e nunca embarcar sem eles.
No barco tem televisor? Alguns. Mas, velejando é muito difícil assistir. O sinal é muito ruim e na maioria das vezes nem pega. Se o mar estiver bom e a tripulação acostumada a navegar e não enjoa, um filme é uma boa pedida. No Avoante temos televisor, mas ele fica restrito as ancoragens. Ela ocupa muito espaço, quando velejando.
Todo barco tem radar? Não. Radar é um excelente equipamento de navegação. Mas, nem todo barco esta equipado com ele. Barcos que fazem navegação costeira não são obrigados a ter radar. Porém, seu uso é recomendado pela autoridade marítima.
No mar tem blitz? Tem sim e deveria ser com mais frequência, até para coibir mal uso de embarcações e pirataria. A Marinha do Brasil esta sempre atuante e vigilante, através das Capitanias dos Portos e seus Navios Patrulha.



Nelson Mattos Filho
Velejador

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