terça-feira, 29 de setembro de 2009



















A REFENO é sempre uma festa. Esse ano, como em todos os outros, a turma de Natal não rizou as velas e cumpriu o ritual do churrasco e da grande festa que se transforma a reunião de comandantes para a regata de Noronha - Natal. Quem não foi fica aqui o convite para o próximo ano.

PARABÉNS DIANTEIRO


Foi uma pena, mas o DIANTEIRO não foi a Noronha. Depois de muita luta para conseguir aprontar o pequeno veleiro. Depois de ter conseguido chegar a Recife, depois de duas tentativas de sair de Natal. Depois de ter conseguido escapar de previsões alarmantes dos companheiros do clube. Depois de ter feito uma largada espetacular na REFENO. O velho e bom DIANTEIRO arribou para a segurança do Iate Clube do Natal. Sei que seria uma navegada muito dura para o pequeno DIANTEIRO, mas a determinação do grande comandante Adaury me contagiou e me deixou a certeza que a vela se faz de homens determinados, objetivos e corajosos. Caro comandante, sua desistência lhe engrandece pela certeza de estar fazendo a melhor escolha para sua embarcação e segurança da tripulação sob seu comando. Parabéns comandante Adaury e a alma do DIANTEIRO se sente feliz por ter um grande líder.

REFENO 2009 - UMA REGATA!

“Avoante, copia Mary Mary! Avoante, copia Mary Mary!
-“Aqui veleiro Avoante, quem chamou veleiro Avoante”.
“Avoante, se segura por ai. Acabamos de pegar um vendaval muito forte. Vento de 35 nós e com muita chuva. A coisa aqui esta endiabrada!”
-“Muito obrigado Mary Mary, vamos nos preparar”
“Avoante riza tudo que a coisa é feia”
“Ok!”
Tudo pronto para a REFENO 2009 – Regata Recife/Fernando de Noronha, mais uma vez o Avoante se fez presente nesse congraçamento da vela de oceano que movimenta o mundo náutico brasileiro.
Este ano 92 barcos estavam escritos para o desafio de 300 milhas em busca das belezas da Ilha de Noronha.
O prêmio pode não ter muito valor, apenas alguns troféus e umas medalhas aos participantes. Mas a alegria e o prazer de chegar a essa ilha que tem as mais bonitas praias do Brasil, e uma paisagem fascinante, é o que faz a grandeza da competição.
No ano passado ganhamos o troféu Tartaruga Marinha, o penúltimo barco a chegar. Este ano não almejávamos o Tartaruga, mas se viesse seria muito bem recebido. Faríamos história se fossemos bicampeões.
As previsões sobre os ventos não eram tão animadoras, teríamos vento leste e muito fraco. Isso quer dizer que teríamos vento contra durante todo o percurso.
Eu como velejador cruzeirista não me surpreendia com essas previsões, apenas achava que iria demorar muito tempo a chegar a Ilha, mas se assim fosse assim seria. Nada melhor do que umas horas a mais entre o céu e o mar.
Este ano o Avoante estava com uma tripulação bastante populosa. Eu, Lucia, Fernando, Marta, Milito e Simarone. Muita gente, porém de muita qualidade. Seis pessoas naquele barquinho, enfrentando 300 milhas de mar. Era mais um desafio que iríamos enfrentar.
Largamos Sábado 19 de setembro, às 15 horas. O Marco Zero, local da largada, fervia de animação com muita gente prestigiando o evento e incentivando cada barco que desfilava para a platéia. Um locutor irradiava com emoção e certa dose de encantamento tudo o que se passava na água. Nossa tripulação ficou tão empolgada com a saudação do público que fez até coreografia. A turma balançava os braços como se estivesse voando. Ainda bem que a platéia sorriu, senão seria um vexame aqueles marmanjos balançando os braços, querendo voar. Sei não viu Milito!
Não largamos muito bem, o vento fraco não era bom para nosso barco/casa, com muito sobrepeso e entupido de tripulantes. Mas assim que seguíamos pelo canal do Porto do Recife, a coisa foi mudando de figura e quando chegamos à boca da barra, já brigávamos lado a lado com os primeiros colocados de nosso grupo. Muito Bom!
Assumi uma postura de comandante regateiro e instiguei a tripulação a entrar no clima da competição. Mas, como regateiro é regateiro e cruzeirista é cruzeirista, fui com tanta sede ao pote que meti os pés pelas mãos. Numa manobra mais ousada tentei mexer na esteira da vela grande, em plena disputa por uma boa colocação. Cada um na sua e aquela não era minha praia.
A manobra foi por água a baixo e para tentar consertar a situação larguei o timão e fui ajudar na faina com a vela. Resultado: A roda de leme quebrou, e para nossa decepção, ficamos a ver navios com a turma tomando o rumo da ilha e nós abandonando a regata, temporariamente, e retornando para Recife consertar a minha besteira.
Fiquei desolado com essa atitude intempestiva e envergonhado diante de minha brava tripulação, principalmente de Lucia, que tinha tentado me substituir no timão quando aconteceu a quebra.
Comunicamos nosso retorno à comissão de regata, para resolver o problema, e ancoramos no Pernambuco Iate Clube onde passamos longas três horas de manutenção.
Tudo resolvido, inclusive com meu pedido de desculpas, levantamos vela. Mas ai, a história da regata já era outra!

Nelson Mattos Filho
Velejador

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

VELEIRO DIANTEIRO


O veleiro Dianteiro, de Natal, já se encontra ancorado no Cabanga Iate Clube para participar da REFENO. Chegou às 5 horas de hoje. A tripulação chegou super cansada, mas disposta a trabalhar no barco para que ele esteja em ordem para a regata. Assim que desembarcaram, a tripulação do Avoante serviu um farto café da manhã para o comandante Adaury e sua brava tripulação. Parabéns amigos do Dianteiro!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

UM DOMINGO DE SOL










No Iate Clube do Natal é assim, basta um pingo de sol e a turma já festeja em alto estilo. Domingo dia 13 de Setembro, já sob o signo da FENAT - Regata Fernando de Noronha/Natal, que larga dia 26 e chega dia 27, a turma da vela compareceu para esquentar as velas, ou melhor a churrasqueira. Lúcia, do veleiro Borandá, chegou junto e registrou tudo com sua máquina bala.

NOTICIAS REFENO 2009

No último final de semana deixamos o Avoante ancorado no Cabanga Iate Clube e encaramos um ônibus até Natal. Fomos para o aniversário de minha Mãe. No domingo fizemos uma visita ao Iate Clube do Natal e para variar, botamos fogo na churrasqueira para um churrasquinho básico. A turma respondeu a altura e a festa rolou até às 20 horas do Domingo. Etá turma festeira! Retornamos hoje ao Cabanga é já encontramos o clube bem mais movimentado. Logo que desembarcamos no clube, fomos procurados pela assessoria de comunicação do evento para fazer uma entrevista com a gente sobre o troféu tartaruga que ganhamos em 2008. A matéria foi boa e parece que vai ser publicada, também, no Diário do Natal. Disse a reporte que este ano estaria novamente na disputa do tartaruga. Quem sabe! O caldeirão do evento já começa a ferver com o inicio da programação oficial. A Capitania dos Portos de Pernambuco começou a fazer as vistorias e já tem gente puxando os cabelos. Todo ano é a mesma novela, mas tudo funciona para a segurança do velejador, tripulantes e sucesso do evento. O tempo é que não anda na bem, faz dois dias que chove em Recife. Os comentários por aqui é que teremos uma regata de vento leste. Se for assim, acho que vai ser demorado chegar a Ilha. Como a turma por aqui esta mais para velejador do que para advinho, tomara que estejam errados. Eu ainda não olhei nenhum site de tempo, estou querendo mais é sossego. Depois conto mais.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

AGRADECIMENTO

Queremos agradecer ao amigo e velejador Ricardo Barbosa, Diretor de Vela do Iate Clube do Natal, pelo carinho com que fomos tratados no PERFIL DE UM AVOANTE, na revista LATITUDE CINCO GRAUS, do nosso Clube. Ficamos realmente muito emocionados com a homenagem. Muito obrigado Ricardo e a todos que fazem nosso Clube.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

REFENO - ABERTURA OFICIAL


Domingo, 13/09, será dado o pontapé inicial da Refeno 2009. Uma feijoada esta sendo preparada para marcar a data. A partir de Domingo, a programação começa a pegar seguimento e só encerra dia 23 em Noronha, com a tradicional festa de entrega dos troféus. Vinte barcos já estão ancorados no clube, de um total de 83 confirmados. Até o fim desta semana espera-se uma chagada maciça dos barcos vindos do sul. As confusões metereológicas dos últimos dias tem atrapalhado a chegada das embarcações. Por enquanto o clube é só tranquilidade, não tem ninguém para emendar os bigodes com fartas latinhas de cerveja. Tomara que a turma chegue com sede e vontade de agitar!

NOVELA




Existem muitos velejadores que se dizem avessos a televisão e principalmente a novelas, mas quando tem uma telinha por perto a turma sai do armário. Quando o caso é de final de novela, ai é que ninguém se segura mesmo. Hoje no Cabanga Iate Clube, nas novas instalações da cantina de Dona Lindalva, a turma se amontoou em frente a televisão, de tal maneira, que ficou difícil se conseguir uma latinha de cerveja no balcão. Tinha palmas e gritos nos momentos mais decisivos da trama e até apostas. Amanhã, último capitulo, a turma até já combinou um cachorro-quente para depois da palavra FIM. Acho bom a organização da regata providenciar um telão.

NOVAMENTE AO MAR


Depois de 9 meses ancorado em Natal, o Avoante voltou para o mar dia 03 de Setembro no rumo de Recife. Sair de Natal em direção ao sul, nesse período do ano, é problemático e cheio de surpresas. Existe um ventilador permanentemente ligado na velocidade máxima, que sopra ventos de sudeste e sul com muita fúria. Conseguir uma janela de tempo bom e que ofereça condições favoráveis é tarefa para muitas dias de acompanhamento e analise dos sites meteorológicos. Mas nesse mundo de gráficos, números e medições de satélites, tudo são previsões e em se tratando de previsão, nem sempre as coisas acontecem como deveriam. Nessa velejada Natal/Recife, tivemos uma boa surpresa e tudo dentro da previsão. Saímos com vento bom e mar de almirante, numa velejada gostosa e bem produtiva. Demos o primeiro bordo em frente a Ponta Negra. O segundo bordo foi no través de Tibau do Sul e o terceiro, e último, em frente a Lucena, já na Paraíba. Chegamos ao Cabo Branco após 20 horas de velejada e com o barco navegando muito bem e sem nenhum problema. Nesse espaço de tempo, tivemos várias horas de motor, mas nada que fosse desconfortável, apenas o bastante para enfrentar com mais força a correnteza contrária. Do Cabo Branco até Recife foi a redenção da nossa alma de velejador. Velas todas em cima, barco navegando a 6 nós, uma boa musica tocando e muito bate papo. Só faltou mesmo um peixinho distraído para se iludir com a nossa isca artificial. Quando o Farol de Olinda lançou os primeiros lampejos no horizonte, o Avoante corrigiu o rumo, levantou bigodes de espuma na água e seguiu firme na direção da cidade do Recife. O Sol caminhou preguiçosamente para seu descanso diário e a Lua emergiu das águas verdes do mar de Olinda. Nesse momento fazia trinta e uma horas de velejada e o Avoante entrava solenemente na Barra da Capital do Frevo. Agora ele descansa preguiçosamente ancorado no Cabanga Iate Clube a espera das 300 milhas até o arquipélago de Fernando de Noronha. Problemas? Apenas um. O alternador sem gerar energia. Mas, com a ajuda da eficiente turma da manutenção, tudo já funciona as mil maravilhas. Quem venha a REFENO!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

PILOTO AUTOMÁTICO







Quem faz navegação de cruzeiro sabe o conforto e a importância do Piloto Automático ou Leme de Vento. Qualquer um dos dois, ou para quem tem a sorte de ter os dois, é o melhor equipamento de auxilio a navegação que podemos ter a bordo. No Avoante sempre naveguei sob os cuidados desse tripulante incansável e de incrível precisão, que nos conforta nos piores momentos ou quando o cansaço não deixa margem para mais nada. O PILOTO, isso mesmo, com letra maiúscula, poderia ser chamada de PILOTOS, porque ele realmente vale por 20 tripulantes, se bem que no Avoante somente cabem sete. Hoje estou órfão desse incrível tripulante. O meu amigão não suportou o peso da idade, e das muitas horas de trabalho, e hoje encontra-se seriamente ferido na sua musculatura, diga-se correia. Ele é um ST 4000 plus, de roda de leme, modelo preto, da Raytheon. O fabricante, resolveu castigar seus antigos clientes e fez uma nova versão para para o ST 4000. O que era preto virou cinza e consequentemente a correia que deveria ser mantida no mesmo padrão, sofreu uma modificação milímetrica. O resultado disso tudo é que os antigos felizes proprietários dos modelos pretos, hoje se encontram no mar das amarguras. Ninguém consegue a correia antiga. Eu já apelei, pesquisei, chafurdei, passei emails, fiz milhares de ligações e até o momento não consegui nem promessa. Se alguém de bom coração, nessas horas apelo até para os de coração mais ou menos, puder me ajudar e com isso ajudar outros órfãos pelo mundo afora, fico muito agradecido. No mínimo prometo tomar uma cerveja bem gelada para comemorar o achado.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O LIVRO DO GAUCHO




Luciano Zinn é um gaúcho boa praça que já navegou muitas milhas pelo mundo. Um dia ele embarcou no Sdruvs, um Atol 23, e resolveu navegar de Porto Alegre até cidade de Cebollati no Uruguai. Essa história ele relata no livro MIL MILHAS COM O SBRUVS. Quem tiver a fim de uma boa história de velejada pode entrar em contato com Luciano e navegar nas paginas com o Sdruvs.



Depois que comprei o meu primeiro veleiro cabinado em 1999 , não tinha idéia da mudança que iria causar em minha vida. O único que sabia era que queria viver neste meio o máximo de horas possíveis. Passei então a ocupar cada vez mais o meu tempo em atividades deste meio. Os anos de 99 a 05 foram de rápidas mudanças e grande aprendizado. Até que em dezembro de 2004 eu realizei a minha primeira grande aventura . Naveguei com um Atoll 23 de 7 metros pelos Lagos, Lagoas e Canais do sul do Brasil e o vizinho Uruguai. De Porto Alegre, onde vivia naveguei mil milhas singrando as aguas doces do Estuário do Guaíba, Lagoa dos Patos, Canal de São Gonçalo, Lagoa Mirim (binacional) e alguns rios como o Jaguarão(divisa Brasil/Uruguai) e o Cebollati (Uruguai) ate a cidade de Santa Vitória do Palmar no extremo sul do Brasil. Nestes dois meses navegando, boa parte deles em solitario, descobri o prazer e a liberdade de um cruzeiro longo. Sem pressa, nestes dois meses fui visitando todas as cidades que margeiam estas águas. Em total foram 10 cidades nos dois países, alem de outros tantos ancoradouros naturais. Na volta resolvi salgar o Sdruvs nas aguas frias do Atlantico sul atraves do porto de Rio Grande e ter pela primeira vez a sensação de navegar no mar. Esta navegada mudou definitivamente o meu destino e na volta a Porto Alegre, tomei uma decisão! Iria sair para o mar o mais rapido possivel! De fevereiro a julho de 2005 me preparei para viver este novo desafio. Da navegada de mil milhas pelo sul do Brasil e Uruguai, surgiu o livro MIL MILHAS COM O SDRUVS que foi lançado em julho/2005, menos de uma semana antes de eu deixar Porto Alegre como capitão do Realidade com destino a Boipeba na Bahia. De la para ca naveguei 16 mil milhas pela costa do Brasil, America do Sul, Caribe e Europa, vivendo exclusivamente da Vela!!!

CONTATOS COM O AUTOR: lucianozinn@hotmail.com

VIDA A BORDO 15

Estávamos nos preparando para deixar a Baia de Camamú/BA. Depois de 40 dias nesse paraíso, tínhamos de seguir viagem. Os ventos já não davam muitas condições de seguir para o Sul. Os últimos dias tinham sido de muita chuva e muito vento sul, sudoeste e sudeste, com rajadas de até 30 nós, que deixavam as águas tranqüilas de Campinho com moderada agitação.
O vento era tão forte que o barco não obedecia à corrente da maré, ficando muitas vezes atravessado entre a força do vento e força da corrente.
Resolvemos sair depois do final de semana, na segunda-feira. No domingo estávamos na casa de Dona Aurora, quando por volta do meio dia chega Dona Onilia e diz: “Nelson, vá olhar o Avoante, acho que ele esta um pouco distante”. Corri para a praia, o Avoante estava no meio do canal, a mais de meio milha de distância.
O susto foi grande! Corri e gritei: “Lucia, vamos correr que o barco se soltou”.
Entramos no inflável e para nosso desespero o motor não queria pegar. Remar com aquela distância e naquele vento era uma missão quase impossível. Fui tentando remar enquanto Lucia verificava o que estava havendo com o motor. Nesse meio tempo senti meus pés molhados. Na correria eu tinha esquecido de fechar a válvula no fundo do inflável e por ali entrava muita água. Enquanto eu remava Lucia tentava fazer o motor pegar e também retirava água com um caneco. O motor pegou depois de várias tentativas.
Com o motor funcionando e a válvula do inflável fechada, as coisas voltaram a “quase” normalidade.
Ao alcançarmos o Avoante, detectamos o problema, já que a âncora vinha sendo arrastada. A corrente da âncora tinha dado várias voltas na haste, puxou-a para cima e largando do fundo.
Com o vento muito forte e a corrente da maré também, o barco ficava rodando em cima da âncora, criando toda essa confusão.
Ao recolher a âncora e assumir o controle do barco, foi à vez da roda de leme dar problema. Partiu a corrente que faz girar. Colocamos a cana de leme de fortuna (reserva), e voltamos para a ancoragem.
Recuperados do susto e novamente ancorados, passamos a tarde consertando a roda de leme, terminando já à noitinha. Fomos dormir exaustos.
Na segunda-feira, quando tentamos levantar a âncora para ir embora, aconteceu o lado misterioso. A âncora não subia de jeito nenhum, tinha ficado presa em alguma coisa. Mergulhei para verificar e a vi presa a um cabo super grosso. Após duas horas consegui liberá-la.
O cabo estava próximo à antiga ancoragem, e no dia anterior a âncora conseguiu arrastar passando por ele sem dificuldade. Não consegui ver de onde vinha o cabo.
Dona Aurora que não saiu da praia enquanto estávamos na faina com âncora, falou: “Isso e para vocês não irem embora, vão fazer muita falta para a gente”.
Realmente deixar a Ilha de Campinho com toda a acolhida que temos por lá é muito difícil. As pessoas nós tratam muito bem e com muito carinho.
O Vento era sul, como iríamos para Salvador, era o vento ideal. Saímos às 13h30min, com o barco navegando a 6 nós de velocidade, apesar de ter colocado velas menores.
Entramos em mar aberto sem que o Avoante diminuísse o ritmo, a menor velocidade foi 5 nós, fizemos os cálculos e vimos que chegaríamos em Salvador à meia noite.
Ao passarmos no través das plataformas em frente a Morro de São Paulo, fomos chamados no rádio por um navio de pesquisa que trabalhava na área, ele estava arrastando sensores em cabos de 6 quilômetros de extensão.
Fomos obrigados a mudar o rumo para boreste e nos afastarmos por 5 milhas, para livrar a parafernália. Nossa chegada a Salvador foi alterada em uma hora.
Entramos na Barra de Salvador, coladinhos a dois navios que se dirigiam ao porto, após 12 horas de uma velejada muito boa e super tranqüila. Fazendo com que nosso barco “fujão” se redimisse, nos fazendo esquecer o drama do dia anterior.

Nelson Mattos Filho
Velejador
* Artigo publicado em 2006 no jornal TRIBUNA DO NORTE, coluna DIÁRIO DO AVOANTE. A coluna é publicada todos os domingos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O QUE É VELA NATAL?

O VELA NATAL, é um grupo de discussão no Yahoo, estimulado pelos bons ventos que hoje sopram nas velas do Rio Grande do Norte. Ele foi criado pelo amigo e parceiro da vela Afonso Melo, que apesar de vir da turma do motor, sempre participou dos encontros de velejadores, dando sua colaboração inestimável. A turma de vela queria um espaço na net para difundir o esporte e Afonso, como bom conhecedor dos caminhos da informática, entrou em campo, ou melhor a bordo. Entre voce também nesse grupo e venha velejar com a gente. No site do Iate Clube do Natal - www.iateclubedonatal.com.br, tem um link de acesso ao grupo. Para participar é muito simples, basta ser cadastrado no Yahoo. O cadastro é fácil e gratuito.

VELA NATAL, NOVA LOGO


Mudou novamente a logomarca do VELA NATAL, espero que seja para sempre. O nosso artista plástico e velejador Flávio Freitas, mais uma vez, atendendo a pedidos, fez uma pequena alteração na arte. Agora a Logo do Iate Clube do Natal, figura dentro do sol que ilumina o VELA NATAL.

REFENO 2009


O Cabanga esta todo preparado para mais uma REFENO, mas os participantes ainda estão chegando muito timidamente. Poucos barcos ancorados e muito pouca gente frequentando o clube. Estamos a 11 dias da regata e em outros tempos, a essas alturas, a coisa já estava pegando fogo. Estamos sentindo falta da alegria reinante nos dias que antecediam a largada. Mas, já são 103 barcos escritos e desses, 83 confirmados. Esperamos que no decorrer da semana a coisa pegue pressão e a festa faça jus aos anos anteriores.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Os artigos com titulo VIDA A BORDO, são artigos que escrevi para a coluna DIÁRIO DO AVOANTE, no jornal TRIBUNA DO NORTE. A coluna é publicada aos domingos e já conta com 142 artigos publicados. Minha intenção é postar nesse blog todos os artigos publicados no jornal Tribuna do Norte, coluna Diário do Avoante. Portanto, alguns amigos e leitores que acharam que estávamos em Camamú, quando leram o artigo VIDA A BORDO 14, aquele artigo foi publicado em 2006. Hoje estamos em Recife, ancorado no Cabanga Iate Clube, nos últimos preparativos para participar de mais uma REFENO-Regata Recife/Fernando de Noronha. Os leitores que quiserem acompanhar o DIÁRIO DO AVOANTE, no Jornal TRIBUNA DO NORTE, podem acessar o site http://www.tribunadonorte.com.br/

NOVAMENTE ATIVO


Amigos, passei estes dias ausente sem fazer postagens, pois estava trazendo o Avoante para Recife, onde cheguei na sexta-feira, dia 04 de Setembro, depois de 31 horas de navegada. Além disso, o computador apresentou problema e assim fiquei impossibilitado de postar. Mas agora, parece que a coisa vai engrenar novamente.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

VIDA A BORDO 14

Ainda estamos na Baia de Camamú/BA é muito difícil sair desse paraíso, tudo é muito bonito. A cada dia descobrimos lugares maravilhosos.
Fomos até a cidade de Maraú, numa velejada de 22 milhas pelo Rio Marau. A navegada é de lavar a alma e encher os olhos.
O Rio Maraú é todo margeado por manguezais, com alguns vilarejos e várias ilhas ainda em estado primitivo.
As ancoragens são fantásticas e super abrigadas. Ancora-se em locais desertos numa completa interação com a natureza.
A ancoragem mais fascinante fica entre as ilhas Germana e Tatus, parece que estamos sozinhos no mundo. A luminosidade das estrelas é tão intensa que as mais brilhosas refletem na água. O lugar é muito isolado, muito lindo e mágico.
Ao longo do rio, existem várias ancoragens a serem descobertas, bastando que se jogue a ancora, após uma curva ou pequenos braços de rio e aprecie as belezas.
O peixe ou frutos do mar não são difíceis de conseguir. Se não quiser ter o trabalho de pescar ou catar alguns mariscos, basta esperar algum pescador em sua canoa de tronco e adquirir peixes. Muitos doam ou trocam por alma coisa, são super gentis e simpáticos.
O Rio Marau, tem um canal com profundidade que varia de 2 a 29 metros, não existe muita dificuldade no percurso até a cidade de Marau. O melhor é pegar a maré de enchente, para aproveitar sua força e facilitar à subida.
A força da maré de vazante, principalmente nas marés de lua, é significativa. Afinal estamos na terceira maior baía do Brasil, o volume de água é muito grande.
A cidade de Marau recebeu este nome de uma tribo de índios que habitavam a região, chamados de Mayrahú.
Os primeiros habitantes chegaram em 1705 e logo exterminaram os índios. Hoje não encontramos seus dependentes e sabe-se muito pouco de seus hábitos e costumes.
Maraú tem uma população de pessoas simples, apenas 15% da população vive na área urbana, são pessoas que acolhem os visitantes com muita alegria.
Muitos ainda acreditam em lobisomens, caiporas e boitatás. As estórias são contadas com tantos detalhes e seriedade que ficamos tentados a acreditar
Maraú tem um pequeno píer apenas para embarque e desembarque, não sendo permitida a permanência. Ancora-se próximo ao píer ou na margem oposta, tudo na maior segurança e tranqüilidade.
Nesse percurso de Campinho a Maraú, com suas 22 milhas, à vontade é de fazê-lo em vários dias ou meses, aproveitando as belezas desse recanto. O que nos impede de ficar é que sabemos que ainda temos muito a conhecer desse litoral, mas com certeza, voltaremos a esse paraíso baiano.
Essa é uma das vantagens da vida a bordo de um veleiro. Nosso quintal muda de acordo com nossa vontade. Nunca temos vizinhos indesejáveis, nem barulhentos. Assim que surgem essas ameaças, levantamos ancora e mudamos o barco de posição.
Podemos escolher entre várias nossa próxima praia, se gostamos podemos ficar ou voltar um dia com nossa “casa” flutuante.
A liberdade que temos a bordo é indescritível. No mar um destino tem várias rotas, o navegante tem a liberdade de fazer a sua com toda a segurança. Ele pode mudar tudo no meio da viagem e seguir o rumo de sua proa, somente ele decide.
Na vela de cruzeiro não navegamos contra o tempo, navegamos a favor.
Navegamos contra os ventos e correntes, porque estes são nossos desafios para alcançar algum destino.
A única coisa de que não abdicamos é a segurança, esse sim o fator principal de toda liberdade no mar.
Navegar por paraísos como o Rio Maraú é muito gratificante a alma, mais se temos conhecimentos náuticos e de preservação ambiental ou se estamos com a embarcação em boas condições de navegabilidade, a vida se torna mais livre e segura.

Nelson Mattos Filho
Velejador
* Artigo publicado na coluna Diário do Avoante-jornal Tribuna do Norte, em 2006. A coluna é publicada todo domingo.