segunda-feira, 30 de novembro de 2009

REGATA NATAL - PIRANGÍ

O que era para ser uma regata, acabou sendo mais uma velejada de vento contra e mar um pouco mais mexido do que o tradicional para um final de Novembro. Foi assim a regata Natal - Pirangí, organizado pelo Iate Clube do Natal. Sete barcos largaram, mas apenas cinco chegaram ao destino. Nada fora do comum para uma regata com 15 milhas de forte contra vento e ainda mais no mar de Natal. O catamarã Muakã chegou na frente da flotilha, seguido pelo monocasco Dianteiro. Em terceiro chegou o daysailer Brurugundum, confirmando o bom desempenho desses barcos em mar aberto, coisa que eu particularmente já sabia, pois fui proprietário de um deles e sempre naveguei em mar aberto. Numa das muitas velejadas, com meu Daysailer, sai de Natal em direção a praia de Enxú-Queimado, litoral norte do RN, 65 milhas de distância. Completando a flotilha chegou o veleiro Musa e o catamarã 2x1. A regata de Pirangí, resgata mais uma tradição do Iate Clube do Natal que estava aquartelada.

domingo, 29 de novembro de 2009

DEVANEIOS DE UMA VELEJADA

O farol pisca na noite escura e o barco segue navegando como uma frágil casquinha de ovo no tapete de mar que se estende ao longe. Um rastro de fosforescência transmite uma visão mágica de vidas imperceptíveis aos olhos humanos. O farol pisca novamente e uma nova claridade começa a delinear o horizonte, com raios tímidos de uma lua que emerge das profundezas do oceano.
Nunca estamos sozinhos no mar. Toda luz que brilha ao longe é a certeza que uma vida nos espreita em nosso manso navegar. Brilho de vida, brilho de energia, brilho de um farol que teima em mostrar que a terra esta ali. Brilho de um barquinho pescador que dorme a espera do peixe.
É gostoso estar num barco que navega a muitas milhas da costa, recebendo apenas acenos de faróis e vendo ao longe as luzes de uma cidade que parece adormecida.
Fico pensando no que se passa na sombra daquelas luzes de mercúrio que delineiam cidades, que parecem adormecidas e embebidas de uma aparente paz.
Como seria bom se as cidades tivessem a paz e a tranquilidade vista do mar. Adoro ver as cidades quando estou no mar. Não consigo enxergar suas mazelas sociais, apenas vejo beleza no balanço suave de suas árvores e na beleza de suas arquiteturas e montanhas.
Cidades que na maioria das vezes estão sendo viradas pelo avesso, diante da miséria e podridão de poderes ocultos, que desafiam a ordem e denigrem as sociedades. Do mar a visão é outra. Do mar tudo transpira paz, saúde, amor e felicidade.
Mais um lampejo do farol e mais uma marcação de rumo naquela estrada de água, ondas e espumas, sobre o brilho esverdeado de plânctons que se ilumina para festejar nossa passagem.
A lua que brotou molhada das profundezas do oceano, agora faz o seu navegar prateado e suave num céu negro de estrelas brilhantes, Estrelas que, assim como os faróis, se transformam em fieis marcações de nossos rumos. Ao meu lado, Lucia comenta que não consegue mais ver São Jorge e seu cavalo naquela lua que mais parece um farol no céu negro. No meu intimo fico pensando: Se ela que tem a felicidade de ter esses momentos de paz e harmonia com a natureza não consegue, o que dirá das pessoas que vivem os tormentos e desencantos urbanos? Porque será que o mundo está tão cético? O que será das crianças que ainda não virão à lua e as estrelas, mas que já conhecem o fogo vivo da drogas?
Inebriado pela lua de São Jorge, vejo um satélite cruzar o céu em sua rota de vigilância. O que procura aquele satélite em seu vôo de silêncio? Será que ele esta a serviço da paz ou engajado em alguma guerra malcriada? Que mundo é esse, que até um silencioso satélite cruzando o céu gera desconfiança a um errante velejador? Um olhar mais apurado e agora são centenas de satélites riscando o céu, num balé de retas cruzadas. Porque não consigo observar o céu das cidades? Será que as cidades não têm céu? Mas, o satélite consegue ver as cidades lá do alto.
Acho que o mundo precisa navegar mais! O mundo já foi mais mundo no tempo das grandes navegações. Hoje o mundo é apenas um mundinho na tela de um computador ou num visor de um GPS. Acabou a beleza das grandes descobertas, ficou a apenas a certeza do encontro óbvio. Restaram para serem descobertas apenas às estrelas e seus mistérios brilhantes e por elas o homem ainda navega. Novamente olho o céu, escolho uma estrela e sigo em seu rumo.
O que posso dizer daquele farol que insiste em emitir seus fachos de luz? Será que ainda existe o vigilante faroleiro a me observar ao longe? O barco segue o seu rumo é minha mente vagueia entre ondas, estrelas, céu, lua, plânctons e sonhos. Será que ainda faz sentido o farol e seu faroleiro num mundo cercado de satélites, computadores e GPS? Acho que sim! Aquele farol representa o acerto de todas minhas marcações náuticas. Conheço suas cores, sei os segundos de seus lampejos e sei sua localização. Por mais modernidade que tenha o mundo, no mar as coisas ainda são primitivas.
Como é bom o mar!

Nelson Mattos Filho
Velejador

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

VIDA A BORDO 27



Tenho recebido vários emails com perguntas de leitores que responderei neste artigo. São curiosidades e preocupações que por muito tempo também vagaram por minha mente, antes de me aventurar no mar. Muitas pessoas vêem o mar como um mundo proibido, hostil e perigoso. Hostil pode ser, afinal, estamos num ambiente que não é o nosso, com humores que obedecem as forças das correntes marinhas e dos ventos, seguindo as regras estabelecidas pela natureza. Perigoso, nem tanto, desde que você siga as normas de segurança e respeite as forças da natureza, o mar nos acolhe com muito carinho. Proibido, apenas quando as forças da natureza são maiores do que nossos conhecimentos e nossas habilidades marítimas.
Vocês param a noite para dormir? Tudo depende do percurso, quando é um percurso pequeno chegamos à tardinha e dormimos ancorados. Quando o percurso é maior ou fazemos uma travessia, como para Fernando de Noronha, utilizamos o piloto automático e fazemos turnos de vigia, com períodos de 2 horas para cada um, quem não esta no turno entra para a cabine, dorme ou descansa, depende das condições de mar que pegamos.
A noite da para ver alguma coisa na frente? Sim, quando é noite de lua cheia, minguante ou crescente, o mar fica iluminado. Como estamos longe das luzes da cidade, a luminosidade é grande. Em noites de lua nova, que chamamos noite de escuro, continuamos nos beneficiando da ausência de iluminação artificial. A partir do crepúsculo acendemos as luzes de navegação e luzes das bússolas, que são vermelhas e não encadeiam. Nossa vista se adapta ao escuro e em noites muito estreladas a luminosidade é excelente.
E os tubarões? Estamos dentro de um barco e com toda segurança. Os tubarões não andam atacando barcos por ai como vemos em filmes. O mar não é infestado por tubarões.
Como saber que estão no caminho certo? Para toda área de mar existem uma carta náutica especifica. Carta Náutica é o retrato detalhado do mar. Por ela nos direcionamos e traçamos nossas rotas, livrando de riscos. Com o auxilio do GPS e bússola fazemos o acompanhamento periódico. Podemos fazer, também, navegação costeira nos beneficiando dos pontos notáveis da costa para nos orientar-mos, mas mesmo assim teremos que ter a Carta Náutica da região. Somente ela nos livra dos perigos de pedras, bancos de areia, cascos soçobrados e outros perigos para a navegação.
Como fazer para não bater em outros barcos? O RIPEAM, Regra Internacional Para Evitar Abalroamento no Mar, regula todo trafego marítimo. Devemos estar atentos à movimentação de outros barcos, às vezes precisamos ter o bom senso de desviar nossa rota, mesmo que estejamos com a preferência de rumo. Mais vale a segurança da tripulação e embarcação. Uma luz ou um barco no horizonte e sempre motivo de atenção. Se for um navio a atenção é dobrada, navios viajam muito rápidos e sua capacidade de manobra é restrita.
Vocês vêem alguma assombração? Essa pergunta é muito interessante e divertida. Até hoje não vi nenhuma “assombração”, se elas existem, acho que tem medo do mar, enjoam muito e não aparecem.
Existem piratas? Infelizmente estes bandidos existem. Nos nunca tivemos problemas com piratas, mas alguns colegas já tiveram, ao navegarem pelo litoral norte do Brasil, ilhas do Caribe, Ásia e África.
Vocês não têm medo de tempestades? Temos medo sim, afinal uma tempestade em alto mar é perigosa. Antes de sair do porto, avaliamos as condições de tempo, clima e intensidade dos ventos, assim nos resguardamos o máximo possível de um mau tempo. Se formos surpreendidos no mar é manter a calma, arriar velas ou diminuí-las, esperar que o tempo melhore ou seguir para algum porto mais próximo.
E as ondas grandes? Ainda não pegamos nenhuma onda gigante, a maior que encontramos foi 4 metros, para um barco tipo o Avoante, não oferece perigo, ele foi projetado para encarar o oceano. As grandes ondas em alto mar, geralmente são em latitudes mais altas. Grandes ondas que castigam as praias nas ressacas, em alto mar, não passam de elevações.
Varias perguntas são feitas, responderei outras em outros artigos. Se você tem alguma pergunta, entre em contato que teremos muito prazer em responder.
O mar tem alguns mistérios mais nenhum assombroso a ponto de desistir-mos de navegar.

Nelson Mattos Filho
Velejador

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

REGATA NATAL-PIRANGÍ

Dia 28 de Dezembro vai ter mais uma etapa do circuito de vela do Rio Grande do Norte. A regata Natal-Pirangí promete ser das mais animadas, principalmente porque Pirangí do Norte um dos bonitos recantos do litoral do RN e o endereço mais disputado do verão. Apesar de ser uma regata de oceano, todas as classes devem participar. É mais uma excelente opção de velejada para abrir a temporada do verão. Na próxima Quarta-Feira, no encontro semanal de velejadores, será realizada a reunião de comandantes.

ESCOLINHA DE VELA II







A aula inaugural da primeira turma de 2009 da Escolinha de Vela do Iate Clube do Natal, surpreendeu a todos, pela empolgação da criançada e pelo número de inscritos. Treze crianças compareceram, com total apoio dos pais que marcaram presença, fazendo com que o clube ficasse ainda mais bonito. Pelo interesse dos sócios e convidados que lotavam as instalações do Clube, logo teremos mais uma turma de futuros velejadores.

GROUPAMA 3 EM SEGURANÇA

Depois da quebra de um dos cascos que resultou na desistência do Troféu Julio Verne, o Groupama 3 já está na Cidade do Cabo, África do Sul. Foram cinco dias de velejada do ponto em que o barco quebrou até a costa africana. Essa é a segunda vez que o velejador Franck Cammas tenta o Troféu e tem que abandonar a prova por quebra da embarcação.

domingo, 22 de novembro de 2009

ESCOLINHA DE VELA

Recomeça hoje a escolinha de vela do Iate Clube do Natal com uma turma de 11 alunos, entre meninas e meninos. Isso representa uma renovação para a vela em Natal, que este ano está numa fase muito boa. O coordenador do curso é o velejador Eilson Junior, filho do casal Eilson e Isolda. As aulas ficam a cargo dos velejadores Ricardo Barbosa, Diretor de Vela do Iate Clube e Alexandre, instrutor de vela.

CHEGAMOS!

Não é fácil velejar de Noronha para Natal! Essa afirmativa é minha e sei que não consigo nem meia dúzia de velejadores para confirmar o que digo, mas é assim que eu vejo.
Este ano largamos muito bem e com uma tripulação muito afinada. Navegamos durante o primeiro dia próximo dos concorrentes, mas durante a noite a coisa mudou por completo. Sei que nossas velas não estavam em bom estado, mas mesmo assim o barco vinha velejando bem, fazendo média de 6 nós de velocidade, com previsão de chegada em Natal por volta das 17 horas do dia seguinte.
Acho que cansamos! Só pode ser isso! Vínhamos de uma maratona de 84 horas de velejada entre Recife e Noronha, com mais três dias de passeios e comemorações na ilha. Problemas com o motor e ainda por cima sem nosso piloto automático, que é maior bem do velejador de oceano. Demos uma relaxada e o mar assumiu o comando da situação.
O vento e o mar até que estavam bons durante o Sábado, mas na manhã do Domingo o horizonte começou a apresentar uma nova cena e nenhum barco no visual. Apenas ouvíamos pelo rádio as comunicações entre os participantes e o Rebocador de Alto Mar Triunfo, da Marinha do Brasil, que acompanhava a regata.
A bordo o clima era de cansaço, mas a tripulação continuava firme nas brincadeiras e bate-papos intermináveis. Dessa vez a cozinha não funcionou a contento, Lucia não estava bem, mas mesmo assim ainda saiu uma brava feijoada em lata e uns lanchinhos básicos.
Logo após o meio dia o céu se pintou de guerreiro com nuvens escuras, ventos mais fortes e chuvas isoladas. O mar gostou da brincadeira e entrou na dança com muita vontade. Se Natal estava perto, numa hora dessas parece que a distância duplicou de tamanho e lá se foram todas as previsões por água a abaixo. É incrível como a relação de distância e mar mexido não combina!
Mas, a vida a bordo dos seis tripulantes do Avoante, não estava tão ruim assim. Tudo bem que as ondas estouravam no costado e não deixava ninguém enxuto. Tudo bem que o cansaço cobrava sua parte. Tudo bem que o conforto não era mais o mesmo. Mas, a proximidade de casa, fazia a turma sonhar com uma caminha macia, um chuveiro quente e uma mesa farta. Onde estamos? A 40 milhas de Natal!
Uma chamada geral da Natal Rádio, fez despertar a autoridade do nosso proeiro, que abanou a função nas velas e foi assumir o posto de Oficial da Marinha do Brasil. Entrou em cena o Capitão dos Portos do Rio Grande do Norte, Francisco Vasconcelos.
Pela chamada geral, uma embarcação estava à deriva a 40 milhas da costa da Paraíba e precisando de socorro imediato, com risco de afundar. Cinco milhas a nossa frente o veleiro Vetinho também estava em dificuldades, com um cabo de aço que segura o mastro quebrado e sendo apoiado pelo Rebocador Triunfo.
O Comandante Vasconcelos, de pronto, assumiu o rádio e entrou em contato com o Rebocador. Após alguns minutos de comunicação, o Rebocador saiu em direção à costa paraibana e o Avoante passou a ser o barco de apoio da regata, dando suporte ao Vetinho. Ficamos um pouco apreensivo, o mar naquele momento não estava para peixe. Ainda mais que conhecíamos a tripulação do veleiro Acauã, o barco a deriva na costa paraibana.
À tardinha o vento aumentou chegando a 25 nós, trazendo chuva forte e muitas ondas. O mar se arrepiou ficando todo encarneirado e ondas mais afoitas começaram a estourar quase dentro do convés. Ansiosa, a tripulação olhava atenta em busca das luzes da cidade do Natal.
O Farol de Mãe Luiza piscou ao longe, mais nuvens negras surgiram no horizonte. Rizamos a vela genoa e alteramos o rumo para a boca da barra. Nunca desejei tanto chegar a Natal!
Fernando, Marta, Simarone, Hélio e Vasconcelos, vocês não sabem a alegria que tivemos em ter vocês a bordo do nosso Avoante. Acho que nunca tivemos uma tripulação tão amiga e tão afinada. Queiram desculpar nossas deficiências e o desconforto durante estas 500 milhas oceânicas a bordo de nosso barquinho. Mas fiquem certos que tudo que fizemos foi de coração e com o mais puro sentimento de amizade, humildade, lealdade, zelo e amor para com o próximo.
Muito obrigado e voltem sempre ao nosso Avoante!

Nelson Mattos Filho
Velejador

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ENCONTRO DE VELEJADORES







Foi assim o último encontro de velejadores no Iate Clube do Natal. Depois de meia hora de conversa, onde se discute regatas, passeios e afins, a turma se reúne em volta da mesa dos quitutes e vinhos, com o intuito de afundar a linha d'água dos barcos. Toda Quarta-Feira é assim!




quarta-feira, 18 de novembro de 2009

QUE LUGAR É ESSE?


Onde fica esse recanto nordestino que o Avoante repousa tranquilo?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

VELEIRO SURAZO


O Blog do Avoante, se solidariza com a tripulação do veleiro Surazo, de bandeira chilena, por causa da triste matéria publicada na última edição da Revista Náutica, onde o Surazo e seus tripulantes tiveram a imagem denegrida e com relevantes danos morais. Não entendemos o que levou o repórter da Náutica a fazer a matéria, já que ele não tinha sido obrigado a embarcar e nem tinha sido convidado, fez de livre e espontânea vontade. Como ele diz na matéria, tinha muitos barcos novos e velozes para ele poder ir a Fernando de Noronha, mas ele escolheu o velho Surazo e sua tripulação familiar que estava dando uma volta ao mundo. Como a matéria é altamente tendenciosa, vejo também como uma nova forma de manchar a imagem da REFENO e suas muitas famílias de cruzeiristas que todos os anos participam da regata. Fica um alerta aos comandantes para quando se depararem com repórteres da Náutica querendo subir a bordo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

GROUPAMA 3 QUEBROU


O francês Franck Cammas, comandante do Groupama 3, que tentava o recorde da volta ao mundo sem escala no menor espaço de tempo, anunciou o abandono da prova quando o maxitrimarã estava em rota batida para a Cidade do Cabo, África do Sul. Uma fissura no flutuador de bombordo pós tudo por água a baixo e agora a tripulação tenta levar o barco para terra. Essa é a segunda vez que Franck tenta bater o recorde do Troféu Julio Verne, que pertence a Bruno Peyron, também francês.

O PARAÍSO FICOU PARA TRÁS

Todas as previsões diziam que teríamos vento na casa dos 18 nós e mar com agitação moderada, coisa que para vir de Noronha para Natal não era bicho de sete cabeças, já tínhamos pegado coisa pior.
O Sábado amanheceu bonito e com muito movimento na área de fundeio. No Avoante a cozinha funcionava a todo vapor, era Lucia preparando o café da manhã e também adiantando o almoço e alguns quitutes para o resto do dia.
A largada da regata para Natal é muito cedo, todo ano é um corre corre com parte das tripulações que dormem em terra chegando a bordo. O movimento de botes de apoio e de preparação de barcos cria um clima misto de euforia e ansiedade. O tempo é muito curto, a largada é nove horas, horário da ilha, uma hora a mais em relação à Natal.
Tivemos um remanejamento de tripulantes, desembarcou o amigo Hélio Milito, que embarcou no catamarã alagoano Vetinho e embarcou o amigo Francisco Vasconcelos. Ficamos tristes, não pela troca, mas pelo desembarque do Hélio que é um amigo e parceiro fantástico. O Avoante comporta sete tripulantes, mas para uma viagem de 200 milhas náuticas fica muito desconfortável. Mesmo assim eu somente aceitei o desembarque por conhecer a competência e profissionalismos dos irmãos Roberto e Plínio Buenos Ayres, dois grandes velejadores e comandantes do Vetinho e ainda o amigo Flávio Alcides que fazia parte da tripulação. Sabia que Hélio estaria em segurança, além de ter a oportunidade de navegar em um multicasco numa travessia oceânica.
Tripulação completa, âncora em cima, velas ao vento, fomos saindo da área de fundeio e se dirigindo para a linha de largada. Dezessete barcos na raia e muitos olhares para as belas paisagens que daqui a pouco iriam fazer parte das lembranças de cada um.
Golfinhos rotadores serviam de batedores para os barcos que bailavam no mar em busca da melhor colocação na largada. Muitas fotos, palmas e risos para os bichinhos que faziam suas alegres acrobacias.
Um olho no vento, outro nas velas, mais uma olhada no mar e mais uma nos concorrentes. Mas nem sempre tudo está certo e numa olhada mais apurada, temos que descer uma vela e começar tudo de novo. Isso faz parte!
Fico no timão com meus pensamentos de cruzeirista metido a regateiro: “Prá que toda essa pressa se vamos ter 200 milhas de velejada?”; “Essa ilha é muito bonita, para que tanto stress em sair daqui?”
Vejo minha tripulação agitada em fotos, acenos e brincadeiras com outras tripulações. Nosso proeiro, Vasconcelos, parece ter voltado aos tempos de Escola Naval e não larga, um segundo, a escota da genoa. Fico feliz pela união da tripulação e ainda tenho tempo de ver o Vetinho ao nosso lado, com o amigo Milito acenando de alegria. Muito bom!
No meio do meu devaneio, escuto a buzina de largada e o Avoante acelera no rumo do continente. A bordo seis tripulantes, seis saudades, seis sentimentos de prazer, ansiedade e preocupação. A Ilha vai ficando para trás e o mar vai começando a cobrar o seu pedágio em leves parcelas de ondas.
Na subida de uma onda, nosso novo tripulante, Francisco Vasconcelos, homem do mar, apaixonado pelo mar e guardião dos Portos do Rio Grande do Norte, aperta minha mão é faz uma confidência: “Comandante, você esta realizando um sonho desse marinheiro” No meu intimo fico feliz, mas vejo subir meu grau de responsabilidade com essa tripulação que me confia suas vidas e seus sonhos. Uma responsabilidade que nunca me deixou quando assumo o comando do belo, bom e seguro Avoante e sua alma de paz e marinheira.
Mais um dia que se vai com um belíssimo pôr-do-sol no meio do oceano, uma visão mágica e que mostra toda a força da natureza. Um festival de cores no horizonte, mas com predomínio do vermelho. Uma lembrança de Dona Aurora, nossa amiga de Camamú, soa em minha mente: “Nelson, céu vermelho é sinal de mudança do tempo”
Passo o timão para um novo comandante e vou descansar com meus pensamentos. Na descida para a cabine vejo que as velas do Avoante não estão bem e nosso rendimento cai.
Estamos no rumo de Natal! Adormeço.

Nelson Mattos Filho
Velejador

sábado, 14 de novembro de 2009

GROUPAMA NA COSTA DO BRASIL

Na sua volta ao mundo sem escalas em busca do Troféu Julio Verne, o maxi-trimarã Groupama 3 navega em marcha reduzida próximo a costa brasileira. Ele já leva uma vantagem de 715 milhas sobre o recorde anterior batido pelo Orange II. A vantagem parece ser grande para barcos tradicionais, mas quando trazida para esses super veleiros a coisa toma outro rumo e 600 milhas pode significar apenas um dia de velejada. Não sei se o Groupama 3 vai conseguir o recorde, mas uma coisa ele já provou, tem muita gordura para queimar.

VIDA A BORDO 22

Artigo publicado na coluna Diário do Avoante - Jornal Tribuna do Norte, em 2006.
VIDA A BORDO


A comunidade náutica esta de parabéns com o decreto nº. 5887 de 06/09/2006, que regulamenta a permanência de barcos estrangeiros no Brasil. Antes esse prazo era de 3 meses com ampliação de mais 3. Com o novo decreto, passa para dois anos a autorização para embarcações estrangeiras permanecerem no País. Isso representa mais divisas, através de serviços que serão prestados por marinas, iates clubes, prestadores de serviços, marinharia e outros serviços.
Iniciativa do Senador César Borges, da Bahia, que com sensibilidade e conhecimento de causa elaborou o projeto que dinamizara o turismo náutico.
Isso era um pleito antigo de velejadores estrangeiros que vem ao nosso País, que sentido a dimensão e a beleza de nosso litoral e o curto tempo disponível para navegarem, tinham que deixar o País, indo para o Caribe, Argentina ou Uruguai.
Essa medida já é de praxe em todos os países que levam a sério o turismo náutico. O Brasil vinha perdendo divisas, turistas e consequentemente mais emprego com a legislação anterior.
O projeto de Lei tinha sido vetado pelo Presidente da Republica, embora tivesse sido aprovado no Congresso Nacional, gerando protestos de vários setores da sociedade civil, levando o Governo Federal a rever o veto Presidencial, editando o decreto nº. 5887.
Com isso, o estrangeiro poderá retornar ao seu País de origem e deixar o barco aos cuidados de marinas e clubes náuticos espalhados pelo Brasil, e retomar a viagem no ano seguinte.
Isso e um avanço para o Brasil que agora pode disputar o turista náutico em condições de vantagens com outros países, por causa das belezas naturais de nossas praias e as condições favoráveis de tempo e clima existente em nosso País.
As marinas e os clubes náuticos terão de se adequarem para uma melhor prestação de serviços e assistência ao navegador. Os clubes e marinas que não tiverem a visão, nem sentirem a necessidade de se ajustarem, perderão uma boa oportunidade de receber esses visitantes que surgiram as centenas a partir de agora.
Os Estados e Municípios litorâneos, também têm um novo filão turístico a explorar, que trará mais emprego para o setor.
Hoje o fluxo de barcos estrangeiros no Brasil gira em torno de 300 barcos por mês. A grande maioria se dirige para Bahia e Rio de Janeiro, pela infra-estrutura que já existem nesses Estados. Com o novo decreto de Lei esse fluxo irá triplicar nos próximos anos, a indústria e serviços náuticos vão ter muito que agradecer ao Governo Federal.
O mundo da vela de cruzeiro forma uma comunidade muito bem relacionada e amiga. Todos se comunicam diariamente, via rádio ou por e-mail, são viajantes sem fronteiras que prezam muito pela liberdade de ir, vir e sempre continuar fazendo o que gosta pelo mundo, respeitando culturas, padrões étnicos, sociais, políticos, religiosos e respeitando e preservando o meio ambiente. São aventureiros que direcionam suas rotas para os mais remotos pontos navegáveis, procurando descobrir lugares paradisíacos, selvagens e sem o caos das grandes cidades.
O Brasil sempre foi um destino procurado por grandes navegadores e por velejadores do mundo todo. Esse decreto veio para acrescentar muito calor as nossas águas e colocar nosso País na ponta do turismo náutico.
Nós que vivemos no mundo náutico e também moramos a bordo, ficamos felizes com a medida, pelo grande numero de amigos que fizemos e fazemos, sempre que aparece um novo barco pelos lugares que estamos velejando ou ancorado em alguma marina.
Esta semana em conversas com alguns velejadores estrangeiros em Natal, a noticia foi bastante festejada e já com o interesse de alguns de deixarem os barcos no Brasil e retornarem aos seus paises, para futuramente continuarem a viagem.
Velas ao Vento!
Nelson Mattos Filho
Velejador

VELEJADA NOTURNA - O RUMO

Recebi duas mensagens positivas sobre a velejada noturna e fui até o site Popa.com de onde colei as regras do Veleiros do Sul, sobre o velejaço. O evento é muito interessante e temos todas as condições de fazer em Natal.


4º VELEJAÇO NOTURNO – WET WEDNESDAY
Dia 11/11/2009, 4ª Feira as 19:30h – largada em frente ao Veleiros do Sul
INSTRUÇÕES COMPLEMENTARES DE REGATA
(Estas instruções complementam e alteram as Instruções de Regata da FEVERS 2009)
AUTORIDADE ORGANIZADORA: Veleiros do Sul.
REGRAS
Serão utilizadas as Regras de Regata a Vela da ISAF 2009/2012, as determinações da CBVM, as
instruções de regata da FEVERS e estas instruções complementares de regata.
Será permitido o uso de balão simétrico ou assimétrico ou vela Genakker em todas as categorias.
Apenas uma vela de proa poderá ser envergada por vez, exceto no seu período de substituição.
CLASSES
CATEGORIA Abreviatura Comprimento em
PÉS
Comprimento em
METROS
Nº máximo de
tripulantes
CRUZERO 20 CR 20 Até 20 Até 6,0958 3
CRUZEIRO 23 CR 23 20,1 à 25 6,1263 à 7,6198 4
CRUZEIRO 26 CR 26 25,1 à 27,8 7,6502 à 8,4732 5
CRUZEIRO 30 CR 30 27,9 à 31 8,5036 à 9,4485 6
CRUZEIRO 35 CR 35 31,1à 35 9,4790 à 10,6677 7
CRUZEIRO 40 CR 40 35,1 à 42 10,6981 à 12,8012 8
Delta 36 D36 8
FORÇA LIVRE FL 9
MULTI-CASCO MC 9
Caso a Classe Delta 36 não atingir o mínimo de 3 barcos participantes, os competidores serão
remanejados para a Classe Cruzeiro 40.
INSCRIÇÕES
Serão aceitas inscrições no Veleiros do Sul até as 19:00hs do dia 11/11/09, gratuitamente.
PROGRAMA
Data Dia Semana Hora Atividade
11/11/2009
4ª Feira 19:00h
19:30h
21:30h
Término das inscrições
Início da Sinalização da regata
Confraternização na varanda do Clube
PARTIDA: Será utilizado o Sistema de Partida da Regra 26 da ISAF.
PREMIAÇÃO:
Não haverá premiação.
4º VELEJAÇO NOTURNO – WET WEDNESDAY
Dia 11/11/2009, 4ª Feira as 19:30h – largada em frente ao Veleiros do Sul
Linha de Largada: A linha de largada será determinada pelo mastro de
sinais da embarcação da CR e uma bóia inflável laranja em frente ao
Veleiros do Sul.
Percurso:
Os barcos de cruzeiro devem cruzar as seguintes marcas:
• Bóia luminosa verde nº 142 do Canal do Cristal deixar por BB.
• Farolete do Cristal nº 133 deixar por BE
• Bóia luminosa encarnada nº 137 em frente a Ponta da Cadeia
contornar deixando por BB
• Farolete do Cristal nº 133 deixar por BB
• Bóia luminosa verde nº 142 do Canal do Cristal deixar por BE.
• Bóia luminosa nº 140 do Canal das Pedras Brancas deixar por BB
Linha de Chegada: A linha de chegada será formada pelo mastro de
sinais do barco da CR que deverá ser deixado por bombordo e o
farolete do Veleiros do Sul que deverá ser deixado por boreste

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

VELEJADA NOTURNA


Faz tempo que tenho em mente fazer uma regata noturna em Natal ou mesmo um velejaço noturno. Sempre fico imaginando a melhor forma de fazer e como conseguir adeptos para essa ideia. Em Salvador faz tempo que o Aratu Iate Clube organiza uma regata 24 horas. Agora vejo no site popa.com que o Veleiros do Sul organizou o 4º Velejaço Noturno, que aconteceu dia 11 de Novembro. Com os bons ventos que sopram no Rio grande do Norte, quem sabe agora poderemos começar a colocar a ideia em prática.

NOVO DONO, NOVOS SONHOS




Os novos ventos que sopram na vela do Rio Grande do Norte, continuam trazendo boas novidades. Barcos que estavam a vários anos sem navegar hoje faz a alegria de novos comandantes e tripulantes, dando um colorido especial as águas do Rio Potengí. Agora foi a vez do catamarã 2x1 que acaba de ser adquirido pelo velejador Hélio Milito, que já traça novos rumos em busca da apaixonante vida marinha. Parabéns Hélio e esperamos encontrar o 2x1 nas muitas ancoragens Brasil a fora.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

CAFÉ DA SEGUNDA








Toda Segunda-Feira a turma de velejadores do Iate Clube do Natal se reune para um delicioso e animado café de final de tarde e que emenda com a noite. Cada um leva um prato e sendo assim a mesa fica bastante farta. O dessa Segunda teve até patê de carne de urso, trazido pelos tripulantes de um veleiro Suíço. Mas o que fez sucesso mesmo foi uma Caponata de Berinjela, feita pela avó do velejador Bira, que estava deliciosa. Bira ainda recebeu os parabéns da turma pela passagem do seu aniversário.

DIA DE CHURRASCO









Não precisa de muito combinado para a turma tocar fogo na churrasqueira e começar a enxugar uma carninha. Foi assim no último Sábado e é assim todo final de semana. Tudo registrado pelas lentes da amiga Lucia, veleiro Borandá, que esta sendo nomeada a fotografa oficial do blog.

domingo, 8 de novembro de 2009

DEIXANDO A ILHA


Depois de três dias em Fernando de Noronha, era hora de voltar ao Continente. Não sei se estou sendo muito exigente, mas achei a Ilha um pouco desanimada. A turma de velejadores que sempre faz muito barulho e movimento, este ano estava meio apática. Parece que a todos sentiram os efeitos da falta de vento que prolongou em várias horas o percurso. Não teve nenhum barco que não tenha aumentado em pelos menos 15 horas o tempo de regata. A grande maioria dobrou o tempo em relação a edições anteriores.
Mas, quem depende do vento e do mar para navegar já deve estar acostumado com essas coisas. Na minha singela opinião, esta faltando eventos para agregar a rapaziada. A estratégia de largar os velejadores ao sabor dos encantos, recantos, passeios e paisagens da Ilha, já esta cansando.
Mas, chega de reclamação e vamos voltar ao assunto que interessa ao nosso Diário, até porque com evento ou sem evento, aquele paraíso fincado no meio do Atlântico, formado por lavas vulcânicas, todo ano traz novo brilho e animo a nossa alma de velejador.
Na Ilha é muito fácil fazer amigos, todos que moram naquele pedacinho isolado do Brasil, têm sempre um sorriso e uma palavra de amizade para o visitante. O ilhéu gosta da gente de graça, basta um olá para que se engate um papo que nos leva a ter um grande amigo.
Foi assim com nosso grande amigo Carlinhos e sua esposa Lurdes. Certo dia, estávamos esperando chegar água para tomar banho, porque água doce em Noronha é um bem escasso, quando vimos Carlinhos deitado numa rede tentando tirar uma soneca. Encostamos para perguntar alguma coisa, até porque Lucia tem sempre algo a perguntar, quando apareceu Lurdes. Ela olhou para a gente e disse que já nos conhecia de João Câmara. Tínhamos uma padaria em João Câmara e ela era nossa cliente. Daí para ser convidado para um peixe na folha de bananeira foi apenas o tempo de Carlinhos levantar da rede e começar a festa.
Hoje, basta o Avoante apontar no horizonte da Ilha, todos já sabem que vai ter festa na casa dos amigos Carlinhos e Lurdes. Junto com o casal veio Serginho do barco Patrick I, Charamba, Chico Eletricista, Djalma e outros que sempre fazem parte dos intermináveis churrascos.
Foi assim com os amigos Neto e Zete, proprietários da Pousada Tia Zete, que conhecemos num dia e dali já surgiu uma grande amizade. Pessoas do bem e sempre prontos a ajudar. Neto e Zete são grandes parceiros na organização da regata Noronha/Natal. Neto, inclusive, todos os anos é quem da o tiro de largada e sua lancha serve de Casa Bordo (barco que abriga a comissão da prova).
Nunca gosto de fazer a velejada de volta, acho cansativa, desconfortável e sem entusiasmo. Afinal estamos deixando para trás bons amigos e uma bela paisagem emoldurada por um mar de sonhos.
O mar da volta é muito chato e parece que nunca esta de bom humor. O vento nunca se estabiliza, sempre prega uma peça aos mais desavisados. Eu, por mais que me prepare, sempre estou na turma dos desavisados.
Tivemos a reunião de comandantes na Pousada Monsieur Rocha, é lá foram passados todos os detalhes da prova até Natal. Pela Marinha do Brasil, como sempre, dando total segurança ao evento, falou o comandante do Navio Patrulha Graúna e o comandante do rebocador de alto mar Triunfo.
A presença do Capitão dos Portos do Rio Grande do Norte, Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Vasconcelos, que na ocasião estava como proeiro-mor do Avoante, foi uma alegria para todos os presentes. Como excelente oficial da Marinha do Brasil, prestou todas as informações de sua área de comando e desejou boa estadia em Natal a todos os velejadores, mas deixou um alerta: Não admitia ninguém ultrapassar o Avoante. Este alerta acho que ninguém ouviu!
O dia da largada, Sábado, foi de tempo bom e vento soprando na casa dos 18 nós. Dezessete barcos na raia e promessa de uma boa velejada.
Mas, como sempre, eu estava com o pé atrás!

Nelson Mattos Filho
Velejador

sábado, 7 de novembro de 2009

TROFÉU JULIO VERNE


O Groupama 3 já navega na costa de Espanha e em 24 horas de velejada percorreu 500 milhas. Não é muito para um barco que pretende bater o recorde da prova, mas se levarmos em consideração que o barco veleja com velas rizadas e enfrentando fortes ventos já da para ver que os caras não estão brincando.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

VIDA A BORDO 21

VIDA A BORDO


Ancoramos na Ilha de Campinho, Baia de Camamú, num dia ensolarado de Janeiro de 2005. A tripulação era Eu, Lucia, Manoel, Pedrinho e Lucinha. Ao anoitecer, Lucia teve uma idéia muito luminosa, ou melhor, bem escura. Vamos comer PIZZA!. Eu adorei o convite e os outros apesar de não gostarem muito de pizza concordaram de pronto.
Desembarcamos, deixamos o inflável no píer do Sitio Sábia e fomos nos aventurar na pizza.
A pizzaria ficava a margem do Rio Carapitangui, um pouco distante de onde estávamos. Começamos bem a caminhada pela estrada de Campinho que leva a Ponta da Ingazeira, a vila central da ilha. Após andarmos 1 km, perguntamos qual o caminho para a pizzaria Matatauba, o nome bem sugestivo. O homem olhou para todos e falou: “sigam em frente e daqui a 500 metros virem à direita e vão em frente até encontrar um fogo...”. “É longe...?” perguntou Manoel, “não e logo ali, uns 3 quilômetros!” Todos se entreolharam e Lucia sentenciou, “vamos que estou com fome...”. A estrada era uma trilha estreita, escura e com muita areia. Como era noite de lua nova, a escuridão era total, ouvíamos apenas os grilos, sapos e corujas. Manoel dizia: “essa pizza tem que ser muito boa”. Pedrinho somente ria e Lucinha sempre concordando com Lucia, incentivava o grupo de aventureiros e eu pensava: “esse negocio não vai dar certo...”.
A trilha passava por lugares fantasmagóricos e misteriosos, e nem sinal de pizzaria, gente ou luz de fogo. Andamos cerca de hora e meia pela mata até avistamos tochas acesas por entre arvores. O medo foi grande, mas continuamos e seguimos as tochas num túnel de mato e arvores por mais meia hora. Um cachorro nos abordou e então chegamos à bendita pizzaria às 22 horas.
De clientes apenas nós cinco e os mosquitos, porque a pizzaria fica na beira do rio e as mesas colocadas ao ar livre, embaixo de arvores, no meio da mata.
Pedimos as pizzas e como sugestão para os que não comiam queijo a garçonete indicou pizza de alho, Manoel adorou a idéia. As pizzas para mim estavam uma delícia. Lucia adorou que repetiu várias vezes, Lucinha comeu com restrições. Pedrinho e Manoel que não gostavam de queijo e depois descobriram que também não gostavam de alho, nem provaram.
A volta foi de lamentações de Pedrinho e Manoel. Eu, Lucia e Lucinha riamos muito, nos divertindo com as reclamações. Manoel, até hoje não aceita convites, principalmente de Lucia, para comer pizza.
Fora este pequeno incidente, a ancoragem na Ilha de Campinho foi muito agradável. Aquele lugar é um dos mais bonitos do litoral baiano. Tudo ali transmite muita paz e harmonia. Era nosso primeiro contato com aquele lugar mágico.
Ali o tempo é medido pela maré alta e baixa. E com ela aprendemos que o stress da vida moderna é uma coisa tão mesquinha que não cabe naquele universo de beleza e vida renovada constantemente.
Os pássaros voam livres. As arvores frutíferas são de uma bondade tão grande que seus frutos adoçam o mais exigente paladar. Os peixes e mariscos são apanhados diariamente e pegos apenas para o consumo diário. A fartura e muito grande. Mas apesar desse clima de harmonia, o homem já conseguiu acabar com os caranguejos que existiam em toda a região, restando poucos sobreviventes dessa espécie. As proibições de captura do caranguejo são apenas falácias de burocratas e os órgãos responsáveis pela sua preservação fecham os olhos diante dos abusos.
Acordar e dormir apreciando a vida que corre a ritmo lento e natural na Baia de Camamú é um presente para nossa alma. O pôr-do-sol é um espetáculo grandioso de luz, cores e formas. O brilho das estrelas é contagiante e o nascer do dia faz desabrochar um mundo iluminado de paz e vida.
Perguntam-me porque falo tanto na Baia de Camamú, eu respondo com uma interrogação: “você já foi a um lugar mágico?”.
Camamú me fascinou como fascinou Lucia. Vivemos os melhores dias de nossas vidas nesse paraíso encantado de paz, amor e vida. Até acontecimentos como a aventura para comer pizza é degustado com muito boa vontade e alegria de ter vivido aquele momento delicioso.
Tenho um encontro já marcado com a Baia de Camamú no meu futuro, espero que seja para breve.
Bons Ventos!

Nelson Mattos Filho
Velejador

NAVIO ENCALHADO II




Os dois rebocadores que lutavam bravamente conseguiram desencalhar o navio Alexander Dimitrov, que foi jogado contra um banco de areia em frente ao Porto de Natal. O vento forte que soprava no momento da saída da embarcação, contribuiu para o encalhe. Por sorte a maré estava subindo e o navio estava com os porões vazios. No palhoção do clube a turma ainda ensaiou umas apostas.

NAVIO ENCALHADO


Um navio que saia do Porto de Natal, agora a tarde, encalhou na margem oposta do Rio Potengí, em frente ao Canto do Mangue. Dois rebocadores que acompanhavam a manobra de saída, tentam a todo vapor retirar o monstro de ferro de cima do banco de areia.

EM BUSCA DO RECORDE


O Groupama 3, um trimaranzinho de 115 pés, partiu nessa Quinta-Feira em busca do Troféu Julio Verne. O troféu é entregue ao barco que faz a volta ao mundo mais rápido. O comandante do Groupama e sua tripulação pretendem completar a prova em 50 dias e 16 horas. Na largada já sentiram o drama pela frente, ventos de mais de 25 nós obrigou a tripulação a rizar velas e se contentar em seguir assim por mais três dias. Mesmo assim, rizado, o bicho parece voar.

VELAS EM CIMA


Os velejadores do Rio Grande do Norte resolveram caçar as velas com vontade. Em Novembro não tinha nenhuma regata programada, pois o objetivo era o Cruzeiro Natal/Tibau do Sul, mas como bons ventos sempre e sinal de boas velejadas, a turma já planeja uma regata para carimbar o mês. Vem ai a regata Natal/Pirangí dia 21. Eu já perdí as contas das regatas desse ano, tomara que continue assim!

PÔR-DO-SOL DO POTENGÍ



O projeto Pôr-do-Sol do Potengí completou 1 ano na última Quarta-Feira. O sucesso do espetáculo que deu nova vida ao Iate Clube do Natal, é sentido no rosto de satisfação de todos que tem o prazer de assistir a explosão de beleza da natureza com os acordes e suavidade da boa música. O espetáculo é apresentado toda Terça, Quarta e Quinta-Feira, sempre regido pelo pôr-do-sol, e tem duas horas de música, poesia, natureza, alegria e prazer. Torcemos para que este ano seja multiplicado por 1000.

CRUZEIRO NATAL/TIBAU DO SUL

O cruzeiro Natal/Tibau do Sul começa a tomar rumo. Hélio Milito, organizador do evento, se reuniu com o Secretário de Turismo de Tibau do Sul e as primeiras providências já foram colocadas no papel. A Praia de Tibau do Sul é uma das mais bonitas do Rio Grande do Norte e com excelente infra-estrutura hoteleira e gastronômica. O evento promete e tem tudo para se transformar num dos melhores eventos náuticos do Estado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

COMENTÁRIOS SOBRE UMA REGATA

A Ilha de Fernando de Noronha continua a mesma, muito bonita, muito charmosa e com todos os atrativos naturais que fazem dela o destino sonhado por quase todo brasileiro, principalmente para os velejadores.
Este ano de 2009 a REFENO não manteve a mesma frequência de barcos participantes, estavam escritos mais de 90 barcos, pela listagem oficial do Cabanga Iate Clube, mas apenas 49 chegaram à ilha. Barcos que todos os anos marcavam presença no evento, este ano se mantiveram ao largo da disputa. Mas, independente do pequeno numero de embarcações, a REFENO manteve sua tradição de regata tranquila, segura e cheia de surpresas ao longo das 300 milhas de percurso.
A comissão de regata foi perfeita no quesito organização, mas faltou calor humano e uma maior integração entre os participantes, coisa que em anos anteriores era o ponto alto do evento, como os bate papos no palhoção ou na varanda do restaurante do clube, que este ano, infelizmente, estava fechado.
A REFENO precisa voltar a ser o que era antes, uma regata de confraternização, divertida e sem as burocracias tão pertinentes dos dias atuais.
O Cabanga Iate Clube, organizador do evento, ultimamente se preocupa apenas com as poucas comemorações em Recife e na festa de premiação em Noronha. Faltam eventos que agreguem os participantes na ilha e que prevaleçam as confraternizações entre as tripulações.
Sei que barcos competitivos como os velozes Adrenalina, Ave Rara, Sorsa e outras máquinas de regata, priorizam apenas a competição, mas a alma e a energia da REFENO estão voltadas para a confraternização e o calor humano tão vivo na alma do nordestino e principalmente do velejador. Isso que deu força a REFENO, como as muitas tripulações de cruzeiristas que, em família ou entre amigos, singram o Atlântico em busca do azul deslumbrante que refletem as profundezas desse belo oceano.
Este ano não tivemos os bons alísios que sempre sopram nessa época do ano. Os ventos foram fracos, incertos e contrários. Segundo o comandante Erico Amorim, 16 anos atrás essa mesma situação prevaleceu, o que levou muitos competidores chegarem à ilha depois da festa de premiação, inclusive os organizadores Mauricio de Castro e Emilio Russel. Mas, aqueles eram outros tempos, em que o prazer era o romantismo da velejada a tão sonhada ilha.
Talvez a partir daquele ano a organização tenha pensado nas mudanças que trariam modernidade a regata e não afastassem da premiação os mais atrasados. Mas, também, talvez possam ter decretado o fim do processo de alegria, brincadeiras, romantismo e confraternização da regata.
A regata cresceu e chegou ao auge com 140 barcos inscritos. Vieram os barcos modernos e competitivos que deram mais charme e visibilidade a REFENO. Todos queriam participar, inclusive os grandes anunciantes. A fase do amadorismo cedeu espaço ao profissionalismo, com todas as suas exigências e todas as suas bandeiras desfraldadas.
Um amigo velejador, que já perdeu a conta de quantas vezes já participou, um dia me falou que a REFENO tinha que se profissionalizar e aumentar as exigências aos participantes. Ele um grande skiper profissional com muitas milhas navegadas, hoje não enxerga mais o romantismo e aventura de uma boa velejada até Fernando de Noronha. Vive pregando a tragédia que nunca aconteceu ou a exigência de modernos e caros equipamentos, que nem ele sabe os benefícios que teriam no mar. Prega até a exclusão da Marinha do Brasil do evento, mas se sente altamente protegido pela sua presença junto à flotilha.
Outro me disse que detestava Fernando de Noronha e que não sabia o fazia ali todo ano. Olhei para ele e pensei: Será que isso é o tal profissionalismo? Quanta falta de amor pelo mar! Quanta rudeza cercada de tanta beleza!
Eu o prego a volta da fase áurea de uma REFENO de calor humano, amadorismo, alegria, brincadeiras, velejada com vento ou sem vento, peixe na linha, vento contra, vento a favor, confraternização entre velejador e ilhéu, ancoragem nas praias do Sancho, Conceição, Baia dos Golfinhos e outras belezas paradisíacas.
Prego uma REFENO mais humana e mais festiva, em que o prazer de velejar não iniba o prazer de uma boa e sadia disputa entre barcos tão diferentes.
Prego a paixão pelo mar e pela boa velejada como a maior e mais importante exigência aos participantes.
Que venha a REFENO 2010 é com ela uma nova velha fase do amadorismo! Afinal, somos todos amadores em busca do prazer de uma boa aventura.

Nelson Mattos Filho

domingo, 1 de novembro de 2009

VOLVO OCEAN RACE

Três cidades brasileira estão na disputa para sediar a próxima edição da Volvo Ocean Race, São Sebastião, Rio de Janeiro e Florianópolis. A Volvo é uma das maiores regatas do mundo e também a mais competitiva. O brasileiro Torben Grael é o atual campeão, como comandante do barco Ericsson 4. Esta semana o prefeito de São Sebastião esteve reunido com o ministro do Turismo, Luiz Barreto, e recebeu sinal verde para tocar o projeto. A próxima edição da regata terá inicio em Novembro de 2011 e deve passar pelo Brasil em 2012.