terça-feira, 29 de setembro de 2009

REFENO 2009 - UMA REGATA!

“Avoante, copia Mary Mary! Avoante, copia Mary Mary!
-“Aqui veleiro Avoante, quem chamou veleiro Avoante”.
“Avoante, se segura por ai. Acabamos de pegar um vendaval muito forte. Vento de 35 nós e com muita chuva. A coisa aqui esta endiabrada!”
-“Muito obrigado Mary Mary, vamos nos preparar”
“Avoante riza tudo que a coisa é feia”
“Ok!”
Tudo pronto para a REFENO 2009 – Regata Recife/Fernando de Noronha, mais uma vez o Avoante se fez presente nesse congraçamento da vela de oceano que movimenta o mundo náutico brasileiro.
Este ano 92 barcos estavam escritos para o desafio de 300 milhas em busca das belezas da Ilha de Noronha.
O prêmio pode não ter muito valor, apenas alguns troféus e umas medalhas aos participantes. Mas a alegria e o prazer de chegar a essa ilha que tem as mais bonitas praias do Brasil, e uma paisagem fascinante, é o que faz a grandeza da competição.
No ano passado ganhamos o troféu Tartaruga Marinha, o penúltimo barco a chegar. Este ano não almejávamos o Tartaruga, mas se viesse seria muito bem recebido. Faríamos história se fossemos bicampeões.
As previsões sobre os ventos não eram tão animadoras, teríamos vento leste e muito fraco. Isso quer dizer que teríamos vento contra durante todo o percurso.
Eu como velejador cruzeirista não me surpreendia com essas previsões, apenas achava que iria demorar muito tempo a chegar a Ilha, mas se assim fosse assim seria. Nada melhor do que umas horas a mais entre o céu e o mar.
Este ano o Avoante estava com uma tripulação bastante populosa. Eu, Lucia, Fernando, Marta, Milito e Simarone. Muita gente, porém de muita qualidade. Seis pessoas naquele barquinho, enfrentando 300 milhas de mar. Era mais um desafio que iríamos enfrentar.
Largamos Sábado 19 de setembro, às 15 horas. O Marco Zero, local da largada, fervia de animação com muita gente prestigiando o evento e incentivando cada barco que desfilava para a platéia. Um locutor irradiava com emoção e certa dose de encantamento tudo o que se passava na água. Nossa tripulação ficou tão empolgada com a saudação do público que fez até coreografia. A turma balançava os braços como se estivesse voando. Ainda bem que a platéia sorriu, senão seria um vexame aqueles marmanjos balançando os braços, querendo voar. Sei não viu Milito!
Não largamos muito bem, o vento fraco não era bom para nosso barco/casa, com muito sobrepeso e entupido de tripulantes. Mas assim que seguíamos pelo canal do Porto do Recife, a coisa foi mudando de figura e quando chegamos à boca da barra, já brigávamos lado a lado com os primeiros colocados de nosso grupo. Muito Bom!
Assumi uma postura de comandante regateiro e instiguei a tripulação a entrar no clima da competição. Mas, como regateiro é regateiro e cruzeirista é cruzeirista, fui com tanta sede ao pote que meti os pés pelas mãos. Numa manobra mais ousada tentei mexer na esteira da vela grande, em plena disputa por uma boa colocação. Cada um na sua e aquela não era minha praia.
A manobra foi por água a baixo e para tentar consertar a situação larguei o timão e fui ajudar na faina com a vela. Resultado: A roda de leme quebrou, e para nossa decepção, ficamos a ver navios com a turma tomando o rumo da ilha e nós abandonando a regata, temporariamente, e retornando para Recife consertar a minha besteira.
Fiquei desolado com essa atitude intempestiva e envergonhado diante de minha brava tripulação, principalmente de Lucia, que tinha tentado me substituir no timão quando aconteceu a quebra.
Comunicamos nosso retorno à comissão de regata, para resolver o problema, e ancoramos no Pernambuco Iate Clube onde passamos longas três horas de manutenção.
Tudo resolvido, inclusive com meu pedido de desculpas, levantamos vela. Mas ai, a história da regata já era outra!

Nelson Mattos Filho
Velejador

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