sexta-feira, 19 de junho de 2009

VIDA A BORDO 07

* Artigo publicado na Tribuna do Norte, na coluna Diário do Avoante, em Março de 2006. Infelizmente as informações tranquilas sobre a Ilha de Itaparica,não prevaleça nos dias de hoje.
** A coluna Diário do Avoante é publicado aos domingos na Tribuna do Norte.

Depois de curtir o carnaval de Salvador, tivemos uma visão bem diferente daquela que frequentemente as pessoas passam. Vimos um carnaval bem organizado, com índice de violência muito baixa e com muita gente circulando nos três circuitos que são; Avenida 7 e Farol da Barra com os trios elétricos, e Pelourinho com um carnaval que revive a folia de tempos atrás, com bandinhas puxadas por orquestras de frevo e muita alegria. A cidade e o povo baiano vivem o carnaval. A cidade, literalmente, para dando lugar a folia. Ruas e avenidas são interditadas sem que haja protestos de moradores e motoristas. A cidade faz do carnaval sua festa maior e o povo sai às ruas para comemorar com alegria e descontração. Vale a fama de maior carnaval do mundo.
O carnaval passou e estamos novamente sozinhos, Airton desembarcou retornando a Natal. Fizemos nova arrumação a bordo, estudamos alguns roteiros e decidimos seguir para a Ilha de Itaparica.
A Ilha, como é chamada pelos baianos, faz parte do conjunto de 56 ilhas existentes na Baía de Todos os Santos. Itaparica se destaca pelo desenvolvimento é pelas fontes de água mineral. A cidade de Itaparica é calma e muito agradável. É um paraíso num ambiente urbano e muito descontraído. É o local preferido dos velejadores baianos nos finais de semana e feriados, isso devido suas águas abrigadas e as fontes de água mineral de boa qualidade e gratuita. Na Fonte da Bica, tem até um dito popular que diz “Eh! Água fina, faz velha virar menina”. Não se sabe se funciona, mas tem muita gente que não dispensa uns bons goles dessa água.
A Ilha tem 44 quilômetros de extensão e belas praias, destacando-se, Cacha-Prego, Berlinque, Aratuba, Barra Grande, Conceição, Mar Grande, Barra do Pote, Barra do Gil, Porto Santo, Manguinhos, Amoreiras, Ponta de Areia e Baiacu.
Itaparica é uma excelente opção de fundeio. A marina de Itaparica oferece boa infra-estrutura, píer flutuante com água, energia 110/220v, Internet, fax, banheiros, restaurante e outras comodidades. Se a opção for ancorar sem ficar na marina, a ancoragem é bem abrigada e o desembarque através do bote inflável, tanto pode ser pela marina ou por rampas de concreto ao longo da orla, onde se pode deixar o bote sem problemas.
A navegada de Salvador para Itaparica é agradável e tranquila. Navega-se pelo centro da Baía de Todos os Santos e com uma vista muito bonita. Os cuidados maiores são com os ferry-boats que fazem a linha Salvador/Itaparica, já que cruzamos suas rotas. Navega-se em águas profundas e dependendo do vento, o mar e super liso. Passamos no través da Ilha dos Frades, deixando por boreste, outro local muito bonito. Próximo a Itaparica, a Ilha do Medo surge por boreste. A Ilha do Medo é a primeira estação ecológica da Baia de Todos os Santos. Sobre a Ilha do Medo recaem muitas estórias e lendas, muitas delas mal assombradas, mas o fato e que a Ilha do Medo é muito bonita, com muito verde, arrecifes de um lado e areia branquinha do outro. Vale à pena pegar o bote de apoio e fazer um passeio nesse paraíso ecológico.
Nossa velejada para Itaparica foi com vento brando e mar liso, tivemos que motorar todo o percurso de 14 milhas náuticas, mesmo assim foi super agradável. Saímos sábado dia 4 de Março por volta das 9 horas da manhã e chegamos por volta do meio-dia. Ancoramos fora da marina, Lucia preparou uma feijoada para o almoço, descansamos um pouco e fomos visitar os amigos que estavam com seus barcos ancorados na área.
A vida social a bordo é intensa. Muito bate-papo, umas cervejinhas para variar e muita alegria ao rever amigos de outras ancoragens. Em Itaparica encontramos os amigos Hélio e Mara do veleiro Maracatu, que moram a bordo e estavam trazendo um barco do Rio de Janeiro para Salvador. À noite desembarcamos e fomos conhecer um pouco da cidade e comer os famosos e deliciosos pasteis da Ilha. Depois nos juntamos a outros velejadores e ficamos conversando na pracinha até o sono chegar.
Na manhã do domingo tivemos uma surpresa desagradável, nosso inflável da marca Zefir, tinha descolado todo o fundo, ficamos impossibilitados de desembarcar e passamos o dia a bordo. Aproveitei para mergulhar e limpar o fundo do Avoante e fazer alguma manutenção de rotina. Recebemos a visita dos amigos Davi e Vera, veleiro Guma, que almoçaram com a gente. À tarde o pôr-do-sol nos presenteou com uma beleza ímpar. Sempre a natureza nos mostrando quanto é bela à vida. À noite Davi e Vera nos levaram para comer uma moqueca de caçonete no bar do Gregório, muito frequentado por velejadores.
Na manhã da segunda-feira, levantamos ancora e retornamos a Salvador para consertar o inflável e preparar novo roteiro pela Baía de Todos os Santos.

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